18 de out. de 2009

...o que seria se fosse...

Nossas escolhas, penso eu,  sempre são fruto de nossas influências e de nossos heróis: time preferido, estilo de música, praia ou montanha, leituras, cores, sabores, cheiros.....vez por outra o acaso nos pega, mas via de regra, nossas escolhas sao moldadas pelo dia a dia, pelo ambiente. Pensando nisso, (e tb pq nada presta num domingo cedo na TV, aberta ou paga, melhor ocupar a mente com algo útil), comecei a voltar no tempo e lembrar de tudo o que já quis ser profissionalmente.


El primo recuerdo é o clássico "quero ser jogador de futebol" - isso no final dos anos 80, quando a maior fonte de renda de um jogador ainda era o seu salário e direito de imagem era algo que nada tinha a ver com futebol...Até tinha um certo talento, a perna esquerda batia muitíssimo bem na bola (e bate ate hoje), mas hoje, olhando com um pouco mais de cuidado, não era uma vontade alucinada, era muito mais um gostar muito de jogar em casa - escanteios batidos da porta da sala na forquilha do portão-, na rua, naqueles interminaveis rua de cima x rua de baixo, e que na maioria das vezes acabava em pancadaria, que era a vontade de todo mundo mesmo; na escola, de onde veio o prestigio e a entrada na turma de elite, porque o talento dentro da quadra sempre fazia sucesso nas aulas de educação fisica e nos intervalos  ou na Chuteira de Ouro, conduzida pelo aguerrido Geraldo Damasceno e pelo Prof. Edvaldo, que chutava de uma àrea ao gol do outro lado, deixando um bando de moleques de 11 e 12 anos endoidecidos com a potência daqueles chutes. Mas não de se sacrificar em peneiras, disputar bolas como se fosse um prato de comida - e para alguns que estavam em algumas peneiras, não era um clichê. Ali estava sim a chance de mudar de vida, de um conforto para a familia, uma oportunidade que o parco estudo e as fracas condições sociais proporcionadas pelo contexto nunca trariam....depois de alguns poucos meses treinando no lastimável Guarani F.C.; entendi que talvez não quisesse ser tão combativo quanto aquilo exigia. E além disso, futebol aos 14 anos naquela epoca ainda não representava dinheiro, empresários vindo do exterior fechando contrato com pai ou mãe, nada disso....e como eu queria uma graninha para minhas coisinhas, vazei. Era muito esforço, não havia diversão e enfim, aquilo começou a me cansar...vendo alguns jogadores de hoje, creio que se tivesse aguentado um pouquinho mais poderia poupar muito esforço para "construir um patrimônio". Aos 31 anos, estaria bem perto da aposentadoria, teria conhecido alguns lugares diferentes e talvez não estivesse tão gordinho (digo talvez pq o Mr. Nazário "brilha muito no Curintia", apesar de gorditcho). 


Após isso, e não tenho a menor idéia do porque, encasquetei que queria fazer fisioterapia. Sem a menor noção do que fazia um fisioterapeuta, e ainda tb sem saber que precisaria passar por um ano na faculdade vendo corpos abertos, dissecando ratinhos e coisas afins, alimentei esse papo por uns dois anos. E deve ter funcionado bem, porque quando eu dizia isso as pessoas se calavam e paravam de perguntar o que eu iria fazer na faculdade.


Depois, com o cursinho, tive a chance de entender mais a fundo algumas matérias que passaram batido no colegial técnico, a História me pegou fortemente, creio que pelo enfoque dado pelos professores do cursinho. Por isso, e tambem vendo o status que os professores de cursinho tinham com a galera, imaginei que pudesse ser um bom caminho. Gosto de ensinar, escrever me agrada ( eu sei, eu sei...se gosto tanto deveria aprender, mas eu ainda chego lá) e viajar por diferentes unidades do cursinho dando aulas parecia algo fantástico. E não é que passei na faculdade de historia, no glorioso IFCH da muito bem falada Unicamp?? Pois bem, estudava durante o dia, trabalhava a noite, o curso era um saco e rapidinho entendi que algo estava errado.  Pessoas normais travestiam-se de malucos beleza, com atitudes moldadas pelo meio, musicalidade alterada de um dia para o outro e etc. Entendo que a faculdade é um lugar e mais do que tudo um momento onde os seus gostos se alteram, a vida, a galera  e os livos te confrontam com ideia novas e outras formas de entender a vida, vc pode até descobre que adora (ou odeia) algumas coisas, mas se em 2 semanas de aula seus companheiros de classe começam a adorar Belchior e a odiar o capitalismo (que emprega e paga muito bem o papai e a mamãe, dando condições de grande parte deles estudar o dia inteiro numa facul integral, morando fora da cidade e sem precisar trabalhar), algo está muito errado.  Depois de um ano corrido demais e sem o retorno devido, entendi que aquele não era e nem seria meu mundo....era hora de dar tchau.


E o engraçado que hoje jogo uma partida que dura um mês, com divididas tendo que ganhar de todos; recupero vidas destruidas por acidentes (financeiros, é bem verdade) e ensino um time todos os dias a fazer o serviço a cada dia melhor. Sem ser nada do que poderia ter sido, acabo sendo um pouco de cada coisa. E quer saber? Adoro o que faço, e pelo menos por ora, troco não...

2 comentários:

CarolBorne disse...

Vim agradecer a visita e as palavras e acabei ficando mais tempo. Obrigada e Boa sorte pra você também!

Anônimo disse...

e isto ai, para cada situacao, uma decisao diferente. Te entendo bem, mas hoje depois de ter mudado de rumo profissionalmente algumas vezes, conclui que cada pessoa e diferente e nao posso tomar minhas decisoes baseada no grupo que tenho de frequentar. Cada universo pessoal e unico e rico, e vale a pena compartilhar. Hoje fico e aprendo minha licao mesmo quando estou no meio de ETs.